Empresário mineiro que afirmou 'Deus me livre de mulher CEO' é alvo de críticas de Luiza Trajano
- isaias samuel
- 20 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Declarações do fundador da G4 Educação, Tallis Gomes, provocam revolta entre líderes empresariais.
A empresária Luiza Helena Trajano, proprietária do Magalu, criticou nesta quinta-feira (19) os comentários machistas do fundador da G4 Educação, Tallis Gomes, sobre mulheres em posições de liderança. Em uma publicação no Instagram, Gomes respondeu à pergunta "Se sua mulher fosse CEO de uma grande companhia, vocês estariam noivos?" com a frase: "Deus me livre de mulher CEO."
Em resposta, Luiza Trajano afirmou em uma publicação no LinkedIn que não concorda com os comentários do executivo. O Magalu e a G4 Educação firmaram uma parceria para a realização do evento Expo Magalu, que ocorreu em agosto deste ano.
"O Magalu fez uma parceria pontual com a G4 para oferecer um curso a pedido dos vendedores do nosso marketplace. Não concordo em nada com essa posição. Às mulheres, peço que não permitam que declarações como essa abalem seus desejos e escolhas. Quem te irrita, te domina. Não deixemos a irritação nos controlar", declarou Trajano.
Na mesma publicação, Gomes também afirmou que homens são naturalmente mais qualificados para cargos estressantes como o dele e que o melhor uso da "energia feminina" seria para construir a base da família. Ele continuou criticando o que chamou de situações em que a "mulher faz papel de homem".
"Hoje vejo um bando de marmanjos acomodados, trabalhando pouco e dividindo as contas com as mulheres. Entendo que isso pode ser temporário — eu mesmo já passei por isso —, mas deve ser uma situação transitória."
Outras líderes empresariais criticaram as declarações. Renata Vieira, diretora comercial e de marketing sênior da multinacional Reckitt, publicou no LinkedIn que a afirmação era preocupante. "A independência da mulher causa dor, né? A perda de controle, então, nem se fala", comentou.
Liliane Rocha, CEO da consultoria Gestão Kairós, descreveu a situação como "discriminação naturalizada" em sua postagem. "Você percebe o perigo dessa propagação de ideias machistas?", indagou.
Nesta quinta, um dia após a primeira publicação, Gomes voltou ao Instagram para retificar falas e pedir desculpas. "Em momento algum no meu texto eu quis questionar a capacidade de uma mulher CEO", disse.
Procurada, a G4 Educação disse por meio de nota que o CEO "entendeu o erro e pediu desculpas", e que a fala não representa a empresa, que tem 135 mulheres. "Queremos nos desculpar pela fala de Tallis, ainda que tenha sido algo pessoal e não representar o G4. Mas entendemos que é nosso papel como empresa apontar que discordamos. E nossa prática é de respeito", diz a nota.
Em julho, o dono da G4 Educação já havia gerado controvérsia ao afirmar em vídeo que não contratava 'esquerdistas'. À época, ele admitiu à Folha de S.Paulo que teve a intenção de viralizar.
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